Roubei um sorriso.
Era o mais lindo do mundo, o maior e mais emocionante.
Era loucura se entregar a ele, mais eu não pude resistir.
Ele veio rápido e não teve como desviar.
No momento que eu entrei na sua mira, não percebia a dimensão dele, o estrago que poderia ser feito.
Estrago, exatamente essa a palavra,
Pois roubei um sorriso que não vinha só na minha direção,
Que não alegrava só a mim,
Ele estava lá antes d'eu chegar, e era lá que devia se manter.
Em cima do seu pedestal.
Não tive a intenção de roubar, sério, só que tive que ir embora tão rápido, e ele estava na minha mão.
Não deu tempo de devolver para seu lugar de origem,
Só deu tempo pra fugir e me esconder da represaria que veio logo após o meu delito.
Passei noites em claro, a rolar na cama apenas pensando nisso,
Olhava aquele sorriso que estava nos meus braços, mas não conseguia sorrir junto.
Tinha feito uma coisa horrível, e apesar de nunca ser de me importar muito com as coisas,
Dessa vez não houve maneira que me colocasse na apatia.
Resolvi escondê-lo, assim ninguém mais viria a prova do meu roubo.
Coloquei no canto mais úmido e escondido do meu ser.
Onde ninguém consegue chegar, sem chances de ser achado algo ali.
Agora, quando eu quero ficar alegre, mesmo que seja por alguns instantes.
E só descer até o calabouço do meu ser, e dar uma rápida olhada naquele sorriso.
Que está preso dentro de mim, e será eternamente meu.
Enquanto estiver vivo, seguirei com o peso de um roubo medonho,
E mesmo esse fato, não me tira aquele sorrisinho de satisfação, quando lembro daquele sorriso vindo na minha direção.